- Bom dia.
- Pra onde o senhor vai?
- Siga em frente, por favor.
Dois quarteirões depois...
- Aqui, aqui, aqui, era pra virar aqui à esquerda.
- Desculpe, mas o senhor me mandou seguir em frente.
- É, eu sei. Eu estou indo para o Comércio.
- O senhor tem algum trajeto de preferência?
- Escolha o melhor caminho aí.
Melhor caminho pra quem? Pra mim, o taxista, ou pra ele, o cliente? O melhor caminho pra um taxista é o mais longo possível e sem congestionamento. Engana-se terrivelmente quem pensa que taxista gosta de pegar congestionamento pra que a corrida dê mais. Congestionamento só da mais cansaço. O bom é fazer a corrida o mais rápido possível e ficar livre pra fazer outra. O melhor caminho pra o cliente é o mais curto e sem congestionamento e, se possível, que todas as sinaleiras estejam abertas, que tenham batedores da polícia abrindo caminho pra ele passar, que o taxi tenha asas e o taximetro conte em c-â-â-â-â-m-e-e-e-e-r-a-a-a-a-a-l-e-e-e-e-n-n-t-a-a-a-a-a-a. Mas, ainda assim, insisto na pergunta:
- O senhor costuma ir sempre por qual trajeto?
- Eu vou sempre aqui pela Garibaldi, depois pego ali pela final da Vasco da Gama, Dique, subo o Vale de Nazaré, Túnel, Comércio.
Confesso que preferia ir pela Garibaldi, Vale do Canela, Contorno, Comércio. Mas ele está pagando, é o cliente e cliente tem sempre razão.
Final da Garibaldi e... congestionamento. Pegamos a Vasco da Gama e... congetionamento. Chegamos ao Dique do Tororó e CONGESTIONAMENTO. Já percebeu como o mundo fica mais lento na mesma proporção que você está mais apressado? E o taximetro só: tac, tac, tac, tac, tac. E o cliente a reclamar do trânsito de Salvador. A reclamar das autoridades que nada fazem pra melhorar as vias, Reclamar da Transalvador e seus agentes que só fazem atrapalhar. Reclamar das pessoas que compram carro sem parar. Reclamar que está atrasado. Reclamar do cara do carro da frente que está ao celular, reclama que o taximetro tá contando muito rápido. Reclama até a hora que o celular dele toca. Ufa! Cara chato. Mas cliente tem sempre razão.
Depois de quase uma hora de congestionamentos, reclamações, sinais fechados, onibus quebrado na parte mais estreita da via. Finalmente chegamos.
- Quanto deu a corrida?
- Trinta e quatro reais e sessenta e cinco centavos.
- PORRA!!! Tudo isso???
- É, senhor. É que o mês de dezembro a bandeira 2 é o dia todo.
- PORRA!!! Trinta e quatro paga?
- Paga, senhor. Trinta e cinco também.
- Paga, senhor. Trinta e cinco também.
Depois de contar umas moedas que estavam espalhadas pelo bolso da calça, ele me paga a corrida e desce resmungando umas coisas que não consigo ouvir direito.
Enfim... estou livre para a próxima corrida. Queira Deus que não seja mais um chato, porém, se for que pague sem reclamar. É horrível ter que aguentar passageiro reclamão.
Fica o conselho. rsrrsrsrsrsrsrsrsrsrsr