segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pesadelão!



AAAAHHHHHHHHHH!!!

Três e quinze da madrugada e acordo assustado com um grito terrível. Ainda tateando, consigo ligar o abajur e vejo minha mulher sentada na cama, toda molhada de suor, pálida e tremendo.

- O que houve, Lindinha? - pergunto preocupado.

- Tive um, um, um... pesadelo horrível. - Ela fala com voz trêmula.

- Que pesadelo foi esse?

- Uma mão... um mamão eeee... um anão.

- Hein?!

- É. É isso mesmo. Era uma mão e um mamão e um anão.

- Calma, foi só um pesadelo. Agora vá dormir.

- Não consigo. Foi muito assustador.

- Tá vendo o que dá encher a barriga de miojo com ovo frito  e cerveja antes de dormir?

- Pôxa! Eu preciso de um abraço.

- Eu te dou um abraço e a gente vai dormir. Não precisa ficar assustada só porque sonhou com duas mãos e um anão.

- Não eram duas mãos. Eram uma mão e um mamão e um anão.

- Ah, não. Um anão e dois mamões?

- NÃO! Ela grita já chateada - UM ANÃO, UMA MÃO E UM MAMÃO!

- Lindinha, eu estou com sono e esse papo cacofônico tá começando a ficar cabeça demais pra mim. Boa noite.

- Não. Espera. Eu preciso contar. Preciso desabafar.

Um tanto contrariado, mas eu me sento na cama pra ouvir o desabafo da minha mulher. Estou cansado, mas fico ali esperando ela contar sobre esse sonho maluco.

- Eu vi um mamão em cima de uma mão de um anão.

- O anão era mamão e tinha um mamão em cima dele? Mas ele era um mamão no sentido de fruta mesmo ou mamão no sentido de ser um pamonha?

- Pamonha, Luciano? Pelo amor de Deus! O anão era um anão mesmo. A mão era uma mão e o mamão era um mamão. Qual a dificuldade nisso?

- A mão era o que, mesmo?

- Luciano, só me ouve, por favor! - Continuei ouvindo ela falar, mas comecei a pensar que agora, com certeza, minha mulher tinha pirado de vez. Eu teria que interná-la. Juliano Moreira, Sanatório São Paulo, fiquei ali matutando pra onde eu a levaria. - Era um ma-mão, entendeu, porra?

- Entendi, entendi. - Louco e cliente a gente nunca contraria. Eles têm razão. Sempre.

- Um mamão, fruta.

- E tem mamão verdura, amor?

- CALA A BOCA! Que coisa. - e continua: - Em cima de uma mão - ela fala apontando pra própria mão.

- Entendi, entendi.

- De um anão. - ela levanta a mão à meia altura me mostrando o tamanho do anão.

- Ahhh, agora eu entendi, amor. Sim e daí?

- Daí que o anão me oferecia o mamão e...

- Ah, não! Espera aí! O anão segurava um mamão com uma mão e a outra mão ele te oferecia? Você está tendo sonhos eróticos aqui do meu lado?

- Ele não me oferecia a mão, idiota, e sim o mamão.

- Porra! Eu acho que estou ficando maluco também.

- Como assim, maluco também? Você acha que estou louca?

- Eu sempre desconfiei, mas agora estou tendo certeza.

- Insensível. Grosso.

- Desculpe. Continue. Mas por que ele não oferecia uma maçã como um dos anões da Branca de Neve?

- Branca de Neve realmente tinha sete anões ao seu lado, mas quem ofereceu a maçã foi a bruxa - ela me corrigiu.

- Ok. Continue seu sonho.

- Eu perguntei pra o anão: Qual é o seu nome? E ele respondeu: É Lon.

- Elon? Um anão chamado Elon. Sei.

- Não é Elon é só Lon.

- Ah, Solon.

- Não, seu burro, é LON, LON.

- Elonlon? Porra, que nome esquisito.

- É SÓ LON, LON, QUE DIABO!

- Tá, desculpe. Eu agora entendi o nome do anão. Solonlon

- Luciano, sinceramente, a sua estupidez e ignorância é o que acaba com a minha beleza. Boa noite. Imbecil insensível.

- Vai dormir, vai. Vai lá sonhar que tá comendo mamão na mão do anão Solonlon, Elonlon, ou eu sei lá que porra. Traidora!

- Idiota!

- Louca!

- Pateta!

- Comedora de mamão!

Fomos dormir de costas um pra o outro.

Fui dormir, mas de manhã fiquei intrigado. Passei a noite toda sonhando com a tal propaganda do cervejão, o anão e o mulherão. Sei não...